03 de Abril de 2020
  • Zero Hora
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Alimentos para conter a ansiedade

Vivenciada por grande parte da população, a situação incomum e repleta de restrições imposta pelo coronavírus é um prato cheio para reforçar a ansiedade. Por outro lado, uma saída para afugentar essa aflição pode estar, justamente, entre uma garfada e outra. É que alguns alimentos podem contribuir para reduzi-la.


Para isso, Sônia Alscher, professora de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), recomenda a já tão falada alimentação saudável e equilibrada. Isto é, aquela isenta ou com pouquíssimos alimentos ultraprocessados.


- Estes contêm aditivos que conferem paladar e fazem ativar ainda mais nosso sistema de recompensa - diz Sônia.


No rol dos alimentos benéficos para o período de confinamento, a especialista indica aqueles ricos em triptofano, aminoácido essencial para a síntese da serotonina, neurotransmissor responsável, entre outras coisas, pela sensação de bem-estar. São eles: banana, salmão e sardinha - tanto em lata, quanto fresca.


- A sardinha in natura é sempre melhor, mas a enlatada é uma opção para ter na despensa em tempos de quarentena - explica.


Além disso, Sônia lembra que é fundamental manter o consumo regular de fibras, que contribuem para a microbiota intestinal, intimamente relacionada com a síntese de neurotransmissores:


- A manutenção da microbiota saudável regula também a imunidade e a saúde cerebral. Por isso, deve-se comer muita fibra. Temos fibras nas frutas, nos legumes, feijões e cereais integrais. Devem ser ingeridos todos os dias.


Na hora de organizar as refeições diárias, lembre-se de incluir de três a quatro porções de legumes e verduras de todas as cores, três porções de frutas, três porções de laticínios (iogurte, leite, queijo branco), carnes e ovos.


- Recomendo um pedaço de carne por dia, de preferência que três vezes na semana seja peixe. Ovo eu aconselho um por dia - afirma Sônia.


Arroz integral, pão integral e farelo de aveia são opções de cereais integrais a serem acrescentados, enquanto feijão, ervilha, lentilha e grão-de-bico podem ser usados como fonte de proteínas vegetais.


Comportamento


Fora o cuidado com aquilo que vai para o prato, outra dica da professora é atentar para o comportamento. Sônia lembra que, muitas vezes, descontamos na comida frustrações e outros sentimentos, como tristeza e ansiedade.


Assim, ela sugere que se aproveite esse período de menos agitação para ter uma compreensão maior dos sinais do corpo:


- Quando vier o impulso, o indivíduo pode pensar: estou com fome ou estou com vontade? Se for fome, o importante é comer devagar, mastigando bem e prestando atenção no alimento. Podemos começar a nos educar para perceber se comemos por fome ou ansiedade.