01 de Abril de 2020
  • Zero Hora
  • Notícias
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Ações para conter a recessão

O agravamento da pandemia de coronavírus no Brasil e a paralisação das atividades motivaram o governo federal a anunciar medidas de estímulo à economia, seja por meio de aumento de gastos públicos, liberação de linhas de crédito ou antecipação de recursos. Mas economistas avaliam que o país dificilmente escapará da recessão e do aumento do desemprego.


O ministro da Economia, Paulo Guedes, estima que, entre decisões já divulgadas e novos pacotes, mais de R$ 700 bilhões devem ser injetados na economia nos próximos três meses. O pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) Marcel Balassiano entende que o conjunto de medidas está no caminho correto, mas acha difícil medir sua efetividade:


- É uma crise de saúde com efeitos na economia, muito diferente das outras que eram somente econômicas. A cada dia, são anunciadas novas medidas, mas não dá para saber se é suficiente porque não sabemos a magnitude do problema.


Atenuantes


A criação de um auxílio de R$ 600 mensais para trabalhadores informais e de uma linha de crédito com baixo custo para empresas pagarem funcionários, duas das principais propostas aprovadas até agora, ajudam a atenuar a perda de renda e a segurar empregos, mas não devem ser suficientes. É a percepção do professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP) Simão Silber:


- O mundo parou, caíram a oferta e a demanda. O grande estorvo é a pandemia. Quanto mais rápido acabar, mais fácil será a retomada. Por isso, a importância de achatar a curva (dos contágios) - explica.


Na avaliação do professor da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Gustavo Inácio de Moraes, a injeção de R$ 1,2 trilhão em liquidez no sistema financeiro é uma das medidas mais acertadas. No entanto, mesmo após o fim da pandemia, Moraes pondera que a retomada não será imediata.


- Antes de saírem comprando e reativarem a economia, as pessoas vão se perguntar se ainda terão emprego ali na frente - analisa.