Debate trata da ficção, da realidade e dos anos de formação do escritor argentino
No universo de Ricardo Piglia, a leitura é vital. Ficcionista, crítico e professor universitário, o autor de Respiração artificial segue a tradição borgeana de mostrar a literatura como traço fundamental da existência dos personagens. Em Anos de formação, temos o primeiro volume dos diários que Piglia revisou pouco antes de sua morte, e percebemos que, além de permear sua ficção, a leitura também é o que originou a formação do escritor argentino.
Ao criar Emilio Renzi, seu alter ego, Piglia adiciona uma nova camada para a sua ficção já cerebral e densamente estruturada. A fronteira entre ficção e realidade se torna mais opaca, ganha novas dimensões, conforme Renzi surge em diversas narrativas, sempre autônomo e ao mesmo tempo colado a Piglia, que dilui sua ficção por gêneros literários geralmente distintos, demonstrando capacidade monumental para criar uma obra coesa e, no entanto, heterogênea. Com a publicação de Anos de formação, a ficção e a biografia se fundem em uma tonalidade ainda mais expressiva.
É Emilio Renzi quem narra a sua vida, e essa também é a narração da vida de Ricardo Piglia. Tudo isso, a obra, a ficção, a realidade, os anos de formação e de docência em Princeton, o escritor e o crítico, será debatido por Sergio Molina, tradutor de Anos de formação, e Pedro Meira Monteiro, professor em Princeton e colega de Piglia, no evento Emilio Renzi, a obra; Ricardo Piglia, a vida. A mediação da conversa será feita por Karina Lucena, professora e pesquisadora da UFRGS.